domingo, 27 de abril de 2014

TENENTE FERNANDO - 70 ANOS DESAPARECIDO (5)


HISTORIADOR DIZ HAVER OUTROS CASOS MISTERIOSOS

Lúcio Albuquerque

Consultor: Abnael Machado de Lima, professor, historiador, membro da Academia de Letãs e do Instituto Histórico e Geográfico de Rondônia


Membro fundador da Academia de Letras e do Instituto Histórico em Geográfico de Rondônia, colunista do jornal Alto Madeira e do site gentedeopiniao.com.br, o professor aposentado de História e Geografia da Amazônia, Abnael Machado de Lima disse, em coluna publicada a 4 de julho de 1912, que o sumiço do tenente Fernando Gomes de Oliveira é outro “lamentável episódio” dentre outros ocorridos em nossa Rondônia, “convenientemente transformados em inexplicáveis mistérios, dentre eles”.
O súbito falecimento do Peixotinho, Diretor dos Correios e Telégrafos, na residência do major Aluízio Pinheiro Ferreira, Superintendente da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, ao sorver uma xícara de café, quando deste foi se despedir na véspera de viajar a Manaus, para depor no inquérito policial militar sobre o pagamento com dinheiro falso os serviços hospitalares prestados aos ferroviários pelo Hospital São José, denunciado pelo Padre João Nicoletti, seu diretor. O Peixotinho alardeava que iria expor a verdade. Atestado de óbito: Fulminante colapso cardíaco.
O desaparecimento, sem deixar vestígios, de 70 (setenta) italianos contratados pela empresa P & T Collyn, para a construção da ferrovia Madeira-Mamoré, os quais revoltados com a empresa, a abandoná-la adentrando à noite à floresta da margem esquerda do Rio Madeira, com o propósito de alcançarem a República da Bolívia, jamais foram vistos.
O assassinato do engenheiro João de Deus funcionário da Ceron, foi meu aluno, na véspera de viajar a Brasília, onde entregaria aos competentes órgãos um dossiê de sua autoria sobre as irregularidades nos serviços realizados em Ji-Paraná, por uma empresa contratada pela Ceron, exigindo a devolução do pagamento efetuado e o cancelamento do contrato.
O assassinato do Senador da República Olavo Pires, metralhado diante de grande quantidade de pessoas, quando chegava ao prédio sede do seu comitê eleitoral situado na avenida Jorge Teixeira, uma das mais movimentadas da capital. Estava cotado para ser eleito governador do Estado. O autor do crime e os seus mandantes, tornaram-se mistério, virou novela reprisada em cada campanha eleitoral.


O desaparecimento do tenente Fernando
O Tenente Fernando Gomes De Oliveira, jovem engenheiro militar, chegou em Porto Velho como membro da 2ª Companhia Rodoviária Independente, em 1945, sob o comando do Capitão Ênio Dos Santos Pinheiro, incumbida de dar prosseguimento à construção da rodovia Amazonas/Mato Grosso, iniciada em 1º de agosto de 1932, pelo então Tenente do Exército Aluízio Pinheiro Ferreira, Diretor da ferrovia Madeira-Mamoré, alcançando são Pedro do Rio Preto, à 90Km de Porto Velho, sendo paralisada na primeira década de 1940, por falta de recursos financeiros.
Para comandar o destacamento de São Pedro foi designado o Tenente Fernando, o qual numa tarde de domingo penetrou na floresta para caçar, acompanhado pelo cabo Antão e um soldado, sendo a última vez que foi visto, desaparecendo misteriosamente e para sempre no interior da densa floresta. Segundo seus acompanhantes, previamente eles combinaram que cada um seguiria uma direção e se reencontrariam na rodovia após o prazo de quatro horas de caçadas. Conforme o combinado o primeiro a sair da floresta foi o soldado, em seguida o cabo Antão. Aguardaram mais de uma hora e como o Tenente não apareceu, julgaram que ele teria ido para o acampamento sem os esperar. Dirigiram-se para este, não o encontrando, concluíram haver se perdido. Conforme narrou o Walter Bártolo que, como soldado, foi testemunha dos acontecimentos no acampamento, os dois acompanhantes entregaram suas armas para serem examinadas, comprovando não terem sido usadas. O Subcomandante comunicou o fato via telégrafo ao Comandante da Companhia em Porto Velho, onde se organizou grupos de buscas compostos por militares e civis iniciando-se a procura em todas as direções: na floresta, nas margens do rio e ao longo da estrada, retornando cada um à noite quando não havia mais visibilidade. O ambiente era de inquietação e pesar.
As buscas continuaram por conta do Exército apoiado pela Aeronáutica. Das expedições participando o Capitão Gerson Gomes De Oliveira irmão do desaparecido, militares e jornalistas norte-americanos, o Padre Jose Francisco Pucci (Padre Chiquinho) e o seringalista João Chaves sem encontrarem o menor vestígio do Tenente Fernando.
As mais absurdas hipóteses e descabidas invencionices foram aventadas para explicarem o desaparecimento, tais como:
Teria sido morto e ocultado o seu cadáver, por ordem do major Aluizio Pinheiro
Ferreira, por ter o Tenente seduzido uma das suas muitas amantes; ou por ter impedido o embarque de um dos tratores da companhia, com destino a uma mineração aurífera, no Pará, da qual o Major Aluizio era sócio; teria sido engolido por uma sucuri; teria sido transposto para outra dimensão pelos orixás em represália por ter ele ,com seus amigos, espancado os filhos e filhas de santos, furado os atabaques e conspurcado o santuário (Pegi), do Terreiro de Santa Bárbara da Mãe de Santo, Rita Esperança; teria subido numa árvore e nesta como se estivesse dopado, alheio ao tempo e aos movimentos em seu entorno, morreu de inanição (Otaviano Cabral no livro de sua autoria "História de uma Região); teria sido morto por dois irmãos agricultores moradores nas proximidades do acampamento, os quais foram presos e torturados, confessando terem matado o Tenente, o confundido com uma anta. Removidos de Porto Velho para Belém a Auditoria Militar mediante tão estapafúrdia confissão e o método empregado para sua obtenção, os inocentaram devolvendo-os livres para sua morada na floresta; teria sido raptado pelos índios Boca-Negra para servir de reprodutor. Noticiaram em 1948 os jornais de são Paulo e do Rio de Janeiro; teriam indígenas raptado o Tenente Fernando para apurar a raça (Jornal “O Globo” em 15 de outubro de 1957); teria sido vítima de uma queda num fosso dos muitos existentes na floresta, dos quais a pessoa fica impossibilitada de por si própria alcançar a superfície, como também de ser encontrada (General Ênio dos Santos Pinheiro, ex-comandante da 2ª Rodoviária Independente em um encontro informal em 1997, na Vice Governadoria Estadual no qual me encontrava).
A pesquisadora Wanda Hanke, após contatar moradores dos vales dos rios Preto, Branco e Jamari, nas adjacências do funesto episódio, escreveu sobre o Tenente Fernando: “Em verdade foi vítima de vingança de certos brancos”. (Desbravadores, 2ª edição, 2º volume, página 245, autor Vitor Hugo)”.


Amanhã: As muitas versões de um caso nunca explicado

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