HISTORIADOR DIZ HAVER OUTROS
CASOS MISTERIOSOS
Lúcio
Albuquerque
Consultor:
Abnael Machado de Lima, professor, historiador, membro da Academia de Letãs e
do Instituto Histórico e Geográfico de Rondônia
Membro fundador da Academia de Letras e do Instituto
Histórico em Geográfico de Rondônia, colunista do jornal Alto Madeira e do site gentedeopiniao.com.br,
o professor aposentado de História e Geografia da Amazônia, Abnael Machado de Lima disse, em
coluna publicada a 4 de julho de 1912, que o sumiço do tenente Fernando Gomes
de Oliveira é outro “lamentável episódio”
dentre outros ocorridos em nossa Rondônia, “convenientemente
transformados em inexplicáveis mistérios, dentre eles”.
O súbito falecimento do Peixotinho, Diretor dos Correios e Telégrafos,
na residência do major Aluízio Pinheiro Ferreira, Superintendente da Estrada de
Ferro Madeira-Mamoré, ao sorver uma xícara de café, quando deste foi se
despedir na véspera de viajar a Manaus, para depor no inquérito policial
militar sobre o pagamento com dinheiro falso os serviços hospitalares prestados
aos ferroviários pelo Hospital São José, denunciado pelo Padre João Nicoletti,
seu diretor. O Peixotinho alardeava que iria expor a verdade. Atestado de
óbito: Fulminante colapso cardíaco.
O desaparecimento, sem deixar vestígios, de 70 (setenta) italianos
contratados pela empresa P & T Collyn, para a construção da ferrovia
Madeira-Mamoré, os quais revoltados com a empresa, a abandoná-la adentrando à
noite à floresta da margem esquerda do Rio Madeira, com o propósito de
alcançarem a República da Bolívia, jamais foram vistos.
O assassinato do engenheiro João de Deus funcionário da Ceron, foi meu
aluno, na véspera de viajar a Brasília, onde entregaria aos competentes
órgãos um dossiê de sua autoria sobre as irregularidades nos serviços
realizados em Ji-Paraná, por uma empresa contratada pela Ceron, exigindo a
devolução do pagamento efetuado e o cancelamento do contrato.
O assassinato do Senador da República Olavo Pires, metralhado diante
de grande quantidade de pessoas, quando chegava ao prédio sede do seu comitê
eleitoral situado na avenida Jorge Teixeira, uma das mais movimentadas da
capital. Estava cotado para ser eleito governador do Estado. O autor do crime e
os seus mandantes, tornaram-se mistério, virou novela reprisada em cada
campanha eleitoral.
O desaparecimento do tenente Fernando
O Tenente Fernando Gomes De Oliveira, jovem engenheiro militar, chegou
em Porto Velho como membro da 2ª Companhia Rodoviária Independente, em 1945,
sob o comando do Capitão Ênio Dos Santos Pinheiro, incumbida de dar prosseguimento
à construção da rodovia Amazonas/Mato Grosso, iniciada em 1º de agosto de 1932,
pelo então Tenente do Exército Aluízio Pinheiro Ferreira, Diretor da ferrovia
Madeira-Mamoré, alcançando são Pedro do Rio Preto, à 90Km de Porto Velho, sendo
paralisada na primeira década de 1940, por falta de recursos financeiros.
Para comandar o destacamento de São Pedro foi designado o Tenente
Fernando, o qual numa tarde de domingo penetrou na floresta para caçar,
acompanhado pelo cabo Antão e um soldado, sendo a última vez que foi visto,
desaparecendo misteriosamente e para sempre no interior da densa floresta.
Segundo seus acompanhantes, previamente eles combinaram que cada um seguiria
uma direção e se reencontrariam na rodovia após o prazo de quatro horas de caçadas.
Conforme o combinado o primeiro a sair da floresta foi o soldado, em seguida o
cabo Antão. Aguardaram mais de uma hora e como o Tenente não apareceu, julgaram
que ele teria ido para o acampamento sem os esperar. Dirigiram-se para este,
não o encontrando, concluíram haver se perdido. Conforme narrou o Walter
Bártolo que, como soldado, foi testemunha dos acontecimentos no acampamento, os
dois acompanhantes entregaram suas armas para serem examinadas, comprovando não
terem sido usadas. O Subcomandante comunicou o fato via telégrafo ao Comandante
da Companhia em Porto Velho, onde se organizou grupos de buscas compostos por
militares e civis iniciando-se a procura em todas as direções: na floresta, nas
margens do rio e ao longo da estrada, retornando cada um à noite quando não
havia mais visibilidade. O ambiente era de inquietação e pesar.
As buscas continuaram por conta do Exército apoiado pela Aeronáutica.
Das expedições participando o Capitão Gerson Gomes De Oliveira irmão do
desaparecido, militares e jornalistas norte-americanos, o Padre Jose Francisco
Pucci (Padre Chiquinho) e o seringalista João Chaves sem encontrarem o menor
vestígio do Tenente Fernando.
As mais absurdas hipóteses e descabidas invencionices foram aventadas
para explicarem o desaparecimento, tais como:
Teria sido morto
e ocultado o seu cadáver, por ordem do major Aluizio Pinheiro
Ferreira, por
ter o Tenente seduzido uma das suas muitas amantes; ou por ter impedido o
embarque de um dos tratores da companhia, com destino a uma mineração aurífera,
no Pará, da qual o Major Aluizio era sócio; teria sido engolido por uma sucuri;
teria sido transposto para outra dimensão pelos orixás em represália por ter
ele ,com seus amigos, espancado os filhos e filhas de santos, furado os
atabaques e conspurcado o santuário (Pegi), do Terreiro de Santa Bárbara da Mãe
de Santo, Rita Esperança; teria subido numa árvore e nesta como se estivesse
dopado, alheio ao tempo e aos movimentos em seu entorno, morreu de inanição
(Otaviano Cabral no livro de sua autoria "História de uma Região); teria
sido morto por dois irmãos agricultores moradores nas proximidades do
acampamento, os quais foram presos e torturados, confessando terem matado o
Tenente, o confundido com uma anta. Removidos de Porto Velho para Belém a Auditoria
Militar mediante tão estapafúrdia confissão e o método empregado para sua
obtenção, os inocentaram devolvendo-os livres para sua morada na floresta;
teria sido raptado pelos índios Boca-Negra para servir de reprodutor.
Noticiaram em 1948 os jornais de são Paulo e do Rio de Janeiro; teriam
indígenas raptado o Tenente Fernando para apurar a raça (Jornal “O Globo” em 15
de outubro de 1957); teria sido vítima de uma queda num fosso dos muitos
existentes na floresta, dos quais a pessoa fica impossibilitada de por si
própria alcançar a superfície, como também de ser encontrada (General Ênio dos
Santos Pinheiro, ex-comandante da 2ª Rodoviária Independente em um encontro
informal em 1997, na Vice Governadoria Estadual no qual me encontrava).
A pesquisadora
Wanda Hanke, após contatar moradores dos vales dos rios Preto, Branco e Jamari,
nas adjacências do funesto episódio, escreveu sobre o Tenente Fernando: “Em verdade foi vítima de vingança de
certos brancos”. (Desbravadores, 2ª edição, 2º volume, página 245, autor
Vitor Hugo)”.
Amanhã: As muitas versões de
um caso nunca explicado
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