sexta-feira, 21 de março de 2014

A HISTÓRIA DE GUAJARÁ NAS LEMBRANÇAS E NA PAREDE DO BOTECO DO CLÓVIS





MONTEZUMA CRUZ
De Guajará-Mirim


A galeria com mais de 150 fotos em preto e branco e coloridas permite ao visitante rever Guajará-Mirim de antigamente na Bodega do Clóvis. Ali estão fachadas de prédios públicos e particulares; desfiles escolares; reuniões de autoridades e moradores ilustres; disputas futebolísticas; e a própria inauguração desse bar, na Rua Leopoldo de Matos.

O botafoguense Clóvis Alberto Nunes Everton, 65 anos, pai de uma filha e avô de três netos, campeão pelo América Futebol Clube em 1971, parou de jogar em 1974. Jogou também nos times do Pérola e do Marechal. O diploma outorgado pela Liga de Desportos local está caprichosamente emoldurado.

De um ano para cá, o bar originalmente inaugurado em 20 de janeiro de 1948 pelo sogro dele, Pedro Alves Rodrigues, é ponto de encontro de saudosistas e serve de referência para quem se interessa por lembranças das praças, da igreja, do 6º Batalhão de Infantaria de Selva, dos hospitais, dos colégios, dos clubes sociais, do trem da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré.

“Olhe aqui o padre Bendoraitis, o senhor o conheceu?” – indaga. Em seguida, explica que o sacerdote médico lituano, ex-diretor do Hospital Bom Pastor, patrocinou uma equipe de futebol de salão.

O pomposo jantar no Clube Helênico e as reuniões em mesas de bar colocavam frente a frente expoentes da sociedade local. No gramado do Estádio João Saldanha, o campeão mundial Garrincha aparece nas fotos do jogo entre o Marechal e o Pérola. O ponteiro direito do Botafogo e da Seleção Brasileira jogou meio tempo em cada equipe.

Clóvis lembra-se com facilidade dos craques que a cidade revelou e brinca: “O Bino virou Faz tudo” e foi jogar no Moto Clube em Porto Velho; depois, não fez mais nada”. “O ponteiro Silvinho Júnior brilhou no Penapolense, foi emprestado ao São Paulo Futebol Clube e depois jogou na Ponte Preta”.

O centro de Guajará-Mirim tem prédios antigos abandonados, entre os quais, um cinema e um hotel. A situação não desanima o comerciante Clóvis, que prefere olhar para a frente: “Nesta rua (Leopoldo de Matos), o empresário Carlos Leal constrói um novo estabelecimento ao lado da Loja City Lar, demonstrando acreditar em dias melhores”. No momento em que as águas do Rio Mamoré invadem o Bairro do Triângulo, essa notícia é alentadora.

Um pitaco: a galeria poderá expor também fotos do maravilhoso verde ainda visto neste município fronteiriço à Bolívia. Em maio de 2009, Guajará-Mirim recebeu no Rio de Janeiro o título de "Cidade Verde", outorgado pelo Instituto Ambiental Biosfera, em razão de seu mosaico de áreas preservadas. Portanto, castanheiras aguardam vez.


Diferente das cidades da rodovia BR-364, esta cidade é reconhecida por sua hospitalidade, também manifestada às pessoas quando elas se deparam com imagens antigas expostas por seu Clóvis nas paredes do seu badalado bar.

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