MONTEZUMA CRUZ
De Guajará-Mirim
A galeria com mais de 150
fotos em preto e branco e coloridas permite ao visitante rever Guajará-Mirim de
antigamente na Bodega do Clóvis. Ali estão fachadas de
prédios públicos e particulares; desfiles escolares; reuniões de autoridades e
moradores ilustres; disputas futebolísticas; e a própria inauguração desse bar,
na Rua Leopoldo de Matos.
O botafoguense Clóvis
Alberto Nunes Everton, 65 anos, pai de uma filha e avô de três netos, campeão
pelo América Futebol Clube em 1971, parou de jogar em 1974. Jogou também nos
times do Pérola e do Marechal. O diploma outorgado pela Liga de Desportos local
está caprichosamente emoldurado.
De um ano para cá, o bar
originalmente inaugurado em 20 de janeiro de 1948 pelo sogro dele, Pedro Alves
Rodrigues, é ponto de encontro de saudosistas e serve de referência para quem
se interessa por lembranças das praças, da igreja, do 6º Batalhão de Infantaria
de Selva, dos hospitais, dos colégios, dos clubes sociais, do trem da Estrada
de Ferro Madeira-Mamoré.
“Olhe aqui o padre
Bendoraitis, o senhor o conheceu?” – indaga. Em seguida, explica que o
sacerdote médico lituano, ex-diretor do Hospital Bom Pastor, patrocinou uma
equipe de futebol de salão.
O pomposo jantar no Clube
Helênico e as reuniões em mesas de bar colocavam frente a frente expoentes da
sociedade local. No gramado do Estádio João Saldanha, o campeão mundial
Garrincha aparece nas fotos do jogo entre o Marechal e o Pérola. O ponteiro
direito do Botafogo e da Seleção Brasileira jogou meio tempo em cada equipe.
Clóvis lembra-se com
facilidade dos craques que a cidade revelou e brinca: “O Bino virou Faz
tudo” e foi jogar no Moto Clube em Porto Velho; depois, não fez
mais nada”. “O ponteiro Silvinho Júnior brilhou no Penapolense, foi emprestado
ao São Paulo Futebol Clube e depois jogou na Ponte Preta”.
O centro de Guajará-Mirim
tem prédios antigos abandonados, entre os quais, um cinema e um hotel. A
situação não desanima o comerciante Clóvis, que prefere olhar para a frente:
“Nesta rua (Leopoldo de Matos), o empresário Carlos Leal constrói um novo
estabelecimento ao lado da Loja City Lar, demonstrando acreditar em dias
melhores”. No momento em que as águas do Rio Mamoré invadem o Bairro do
Triângulo, essa notícia é alentadora.
Um pitaco: a galeria
poderá expor também fotos do maravilhoso verde ainda visto neste município
fronteiriço à Bolívia. Em maio de 2009, Guajará-Mirim recebeu no Rio de Janeiro
o título de "Cidade Verde", outorgado pelo Instituto Ambiental
Biosfera, em razão de seu mosaico de áreas preservadas. Portanto, castanheiras
aguardam vez.
Diferente das cidades da
rodovia BR-364, esta cidade é reconhecida por sua hospitalidade, também
manifestada às pessoas quando elas se deparam com imagens antigas expostas por seu Clóvis nas paredes do seu
badalado bar.
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