EMPRENHANDO A URNA INVIOLÁVEL
Era nos tempos das
disputas entre cutubas (*) e peles-curtas (**), entre partidários do coronel
Aluízio Ferreira e do médico Renato Clímaco de Medeiros, nos tempos do
Território Federal em que a Justiça era apenas, quando tinha, um juiz e a
segunda instância no Rio de Janeiero (depois em Brasília), no Tribunal de
Justiça do Distrito Federal e Territórios, onde as
apelações daqui acabavam
desaparecendo com a priorização das ações da própria Capital Federal.
O causo presente se
deu no tempo das disputas brabas, aí pela década de 1950/1960, quando a
Justiça eleitoral funcionava numa casa onde, depois, foi instalado o
Museu da dita cuja, ali na Prudente de Moraes.
Votação encerrada, urnas
recolhidas ao prédio da Prudente, ninguém entrava, só o juiz e o
pessoal da Justiça, e as urnas numa sala “inviolável”.
Na calçada em frente a
vigilância era de soldados do Exército, armados e embalados. Passagem só pelo
meio da rua ou pela calçada do outro lado, onde cabos eleitorais, eleitores e
curiosos faziam vigília. Mas havia espaço para emprenharem urnas.
No dia seguinte, abertas
as urnas, não dava outra: urnas emprenhadas e o recheio acabava dando
a vitória ao candidato
beneficiado pela invasão que ninguém viu.
Em tempo: o ato de tirar
os votos e rechear a urna com os do candidato interessado era conhecido
por “emprenhar a urna”.
(*) Cutubas – Partidários do coronel Aluízio Ferreira, normalmente seringalistas, grandes comerciantes e funcionários públicos.
(**) Peles-curtas –
Partidários do médico Renato Clímaco de Medeiros, grupo que reunia quem não
era cutuba ou alguns daquele grupo que preferiam não apoiar Aluízio.
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