terça-feira, 25 de março de 2014

E A FRONTEIRA, DONA ROUSSEF?

Creio que a senhora sabe mais até que eu: a situação nas grandes, pequenas e médias cidades brasileiras já extrapolou todos os limites do que seria pensável de aguentar e hoje o medo, de quem será a “próxima vítima” é companheiro diário de quase 100% de brasileiros.
Lógico, não incluo aí os que contam com aparatos de segurança em seu redor, segurança paga com o dinheiro que nos tomam e que, conforme a Constituição Federal, deveria servir também para nos garantir a segurança, mas aí é outra história, porque os que compõem o grupo que impede os 100% são seres privilegiados e, por isso, nem ligam para a plebe ignara.
Mas, dona Roussef, uma coisa que sempre me incomoda é ver, por exemplo, notícias e notícias citando que um fomentador dos nossos males seja a facilidade com que se entra e sai pelas nossas continentais fronteiras, seja através da  Ponte da Amizade ou aqui ela Amazônia.
Bom, se já existe a consciência de que a inexistência de sistemas de controle mais fortes de passagem pelas nossas fronteiras, e isso alimenta o crime – valho-me aqui do que ouço e leio de entendidos no assunto; de que droga e armas chegam nas cidades por tal caminho, fico perguntando “por que razão o governo não faz alguma coisa?”. “Por que não implanta sistemas rigorosos de controle?”.
Sou franco: não conheço bem as fronteiras brasileiras na região sul, mas as conheço na nossa Amazônia. Aqui, pelo visto, os contingentes são ínfimos e a própria presença do Exército – veja o exemplo de Rondônia, limita-se a dois contingentes, um em Guajará-Mirim e outro em Forte Príncipe.
Será que a senhora sabe a distância entre esses dois pontos? Já viajei de barco naquele espaço e nem é preciso estudar muito para saber que falta ali a presença do Estado, quer dizer, da estrutura gerida pela senhora, o que não inclui apenas os militares, esses tolhidos em sua capacidade até (volto aqui a citar o que ouço e leio de autoridades do setor) porque as verbas são mais que curtas.
Ah! Mas verba para financiar obras em Cuba, perdoar dívidas de países africanos ou da Venezuela, para isso o Governo tem. E nem falo da construção de vários “elefantes brancos” a que jornalistas esportivos cognominam “arenas”, isso o governo tem de sobra, ainda mais com uma legislação que permite afrouxamento do controle de contas.
(Sobre os jornalistas esportivos lembro que na década de 1950 o Juca Chaves lançou a música “Caixinha, Obrigado!” e num dos versos ele afirma que “o futebol é o ganha-pão da imprensa”, daí a defesa que fazem da Copa num país como o nosso.
Dona Roussef, a senhora socorre o Rio de Janeiro mandando tropas federais fazer o trabalho que não é sua atividade fim. É um aliado político, que, como outros governadores anteriores, falhou nesse lado e a senhora talvez inconscientemente tenha entrado naquela via de que “aos amigos, os favores da lei”. Além disso, os morros cariocas têm enorme contingente eleitoral e uma ação dessa forma se transforma em ponto midiático que, creio que a senhora saiba, só isso não resolve.
Mas a moda é “dar o peixe ao invés de ensinar a pescar”, como fazem com famílias que vivem da bolsas, dinheiro tirado da extração que fazem de nossos salários, ação que, a senhora, economista, sabe que tais bolsas não levam a lugar nenhum – é só fazer uma projeção para 20 anos. É, mas a eleição é daqui a seis meses e aqui se aplica a lógica de que “mais vale um pássaro na mão do que dois avoando”.
Daí, dona presidente, que tal olhar para as fronteiras? Aqui, por incrível que pareça, também é Brasil, talvez até com um sentimento maior de brasilidade do que em outras regiões do país. Sugiro à senhora ler o “Discurso do Rio Amazonas” que outro presidente, há 73 anos fez em Manaus. Talvez ali a senhora encontre forças para nos olhar com a mesma atenção com que socorre o seu aliado agora.
Inté outro dia, se Deus quiser!


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