BRIGA POR TELEX
(Publicado na coluna Conta-gotas - 3.9.2006 - inserido no livro "O Telefone de Deus", em fase de edição final)
Lúcio Albuquerque
Meu amigo Montezuma Cruz, o melhor de todos os repórteres
que já passaram por aqui, tinha mania de usar um espelhinho redondo para conferir,
várias vezes durante o dia, como andavam suas sobrancelhas, dentre outros
costumes. Um deles o de, quando se zangava com qualquer um de nós, passar um
telex (naquele tempo, fim da década de 70, fax não havia por aqui e Internet
era coisa de cinema), comunicando o rompimento oficial.
Até bem pouco tempo passado eu mesmo guardava vários dos telex que
o Monte mandou dizendo: 'Comunico ao prezado companheiro que estou de relações
rompidas com o jornalista X. Peço não nos convidar para a mesma mesa'.
Uma feita, descíamos a ladeira ao lado do Presidente Vargas, eu, o
Ivan Marrocos e o Maurício Fares quando vimos o Monte subindo. Ele havia
rompido relações com o Ivan (fato difícil, porque brigar com o gordo era coisa
difícil) e mandado o comunicado para todos nós.
Ao nos ver, o Monte atravessa para o outro lado da calçada e nós
fazemos o mesmo. Ele passa ao outro lado e nós também, até que nos encontramos
e tudo terminou numa conversa, entre risadas, no saudoso Café Santos, onde
funcionava a nossa 'boca maldita', local em que era fácil saber tudo sobre
tudo, na Porto Velho ainda capital do Território.
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